quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Estava eu sentada e atenta aos meus trabalhos quando subitamente uma voz fina e humilde me chamou. Assemelhava-se a um apelo de socorro. Quando levantei a cabeça e olhei na direcção daquela voz, deparei-me com uma pessoa a chorar. Dirigi-me a ela e não lhe disse nada, limitei-me a contempla-la, quando de repente, ela, num gesto brusco, me estendeu o seu caderno com um texto escrito. Quando acabei de o ler, o vazio que se tinha instalado em mim, encheu-se de palavras, pensamentos, citações...

Essa pessoa encontrava-se deprimida, preenchida de desespero, sem bússola, sem memórias, sozinha...completamente só. Sem saber o que dizer escutei atentamente o seu desabafo daquela alma desorientada. Só eu sei o quanto ela estava triste, só eu sei o motivo da sua tristeza.

Então um peso enorme abateu-se sobre mim, mas foi quando eu me lembrei de todas aquelas palavras que estavam dentro de mim e que finalmente ganharam um sentido, que eu ganhei ânimo para a ajudar a libertar-se daquelas correntes que a aprisionavam. No entanto, aquele ser nao se queria libertar, e eu, sozinha, não tinha forças suficientes para o ajudar.

Foi quando a palavra desistir começou a ganhar vitalidade em mim que aquele pedaço de carne imperfeita ganhou vida. Quando eu olhei para ela, ela esboçava um sorriso, e aquele simples traço facial fez regressar uma alma que se encontrava encurralada no turbilhão do mistério do ser.

1 comentário:

Charlène disse...

A sensação de impotência surge sempre perante este tipo se situações. No entanto,saber ouvir o outro não é fácil, é uma virtude, que usada em pessoas deprimidas é de extrema importância para a sua recuperação.Por vezes o suficiente, pois muitas vezes, a depressão não é mais que "o grito mudo" de alguém que quer desabafar.E sabes, é bem verdade que arrancar um sorriso a estas pessoas é encher-nos a alma..