quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Composto da tua composição

Ah vento, dos exiguos dias de sol do inverno
Afaga a tua dócil mão
A pele que se abre a ti descarnida de pruridos
E sente em plenitude o sabor da tua composição

Ah folhas, seres de mil tipos de mil nomes,
Designios cientificos que desconheço, que importam os nomes? Importa a alma!
Dancem para mim nessa porção de terra a quem vossa mãe beija
Regalem meus olhos e alberguem todo o campo de visão
Que há muito se espreguiça e dormita no calor envolto de teus braços
Enternecido perco-me no sono, pende a minha cabeça na almofada da tua mão

Ah sol, porque tua redoma agracia apenas parte e não um todo?
Porque deixas terras ermas sob tutela de sombras?
Que decreto distribui a tua tão natural função?
Não o sei, caminharei sem o saber, descansarei ignorante de tal
Levo-me levando-te comigo a quem a sombras está remetido
Não recuo nem condeno a ninguém esquecido
Tomo parte pelo um todo
Erradico vultos de solidão
Sou a parte de um todo
Composto da tua composição

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