sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Paleio de engodo

Quero-te dizer uma coisa… Deixa-me dizer-te uma coisa. Estás a ouvir-me? Calo-me no meu silêncio absoluto e conto os segundos da transição entre vermelho e verde. Estava a olhar para um semáforo. Por muito mais estúpido que fosse eu gostava. Sentia-me bem ao brincar com aquelas luzes sequenciais que me fodiam a cabeça mais do que já estava. Ao menos não pensava noutras coisas…

Quero-te dizer uma coisa… Já posso? Nada… Eu só queria o teu apreço em forma de resposta. Queria ouvir um sim e/ou um fala lá. Mas nada… nada. E continuei nos meus olhares tímidos e discretos para os objectos que me rodeavam. Ficou tudo estranho a mim. Tudo que via era novo. Estou parvo… sou parvo… O que estarei eu a fazer no meio de uma conversa entre duas pessoas que basicamente se estão a cagar para mim? Eu só queria contar uma coisa. Uma coisa que eu queria contar. Mas…

Voltei a repetir vezes sem conta a mesma frase. Ninguém me quis ouvir. Ou pelo menos tu. Queria, especialmente, que tu me ouvisses. Os tomates é que me ouviste. Cagaste para mim. Não gostei. E fiquei fodido por te querer contar uma coisa. Uma filha da puta de uma coisa. Tudo que disse não ouviste. Serei mudo? Ou tu serás uma pessoa mouca?

Também já não interessa… Já não te quero contar a coisa. Fica a coisa para mim. Sou invejoso. Podes-me mandar foder, não queres?... Que pena! Agora que estou ainda mais fodido não me queres massacrar mais! Se fosse a ti massacrava! Perdido por cem, perdido por mil. Anda cá ó Caronte e leva-me para onde moras. Já estou cheio desta merda.


Estás chateado? Estava com as mãos nos bolsos. Apenas fiz um movimento de ombros de desconsolo. Era um tanto me faz. Nem tentei olhar para ti. Estava amuado é claro que estava. Agora sentiste. Agora já é um bocadinho tarde, mas… Enfim…

Sem comentários: